10 Principais Práticas na Gestão de Patches em OT

por | 26 abr, 2025 | cibersegurança, Patch | 0 Comentários

As 10 principais práticas na Gestão de Patches em OT

A gestão das 10 principais práticas na gestão de patches em ambientes OT (Tecnologia Operacional) é uma tarefa desafiadora e crítica para a segurança industrial. Diferentemente dos sistemas de TI tradicionais, onde a aplicação de patches pode ser feita com mais frequência e de forma programada e até mesmo de forma automática, nos ambientes OT a implementação de atualizações de segurança requer um planejamento rigoroso devido à criticidade das operações, à necessidade de alta disponibilidade e à existência de equipamentos legados.

Por que a Gestão de Patches em OT é um enorme desafio?

Os sistemas OT frequentemente enfrentam uma série de desafios que dificultam a aplicação de patches de maneira eficaz:

  • Falta de uma estratégia clara de gerenciamento de patches: Muitas empresas não possuem um plano estruturado para aplicar atualizações em seus sistemas OT.
  • Ausência de segmentação de rede e controle de acesso mínimo: A inexistência de segmentação adequada e a falta de autenticação multifator (MFA) ampliam a superfície de ataque.
  • Falta de visibilidade dos ativos OT: Muitas organizações desconhecem a totalidade de seus dispositivos industriais, o que impede um gerenciamento eficaz de vulnerabilidades.
  • Ambientes operacionais 24/7: Muitos sistemas funcionam continuamente, sem janelas de manutenção disponíveis para a aplicação de atualizações.
  • Equipamentos legados: Muitos dispositivos operacionais foram projetados sem atualizações frequentes de software em mente, dificultando a aplicação de patches de segurança.

Os 10 passos na Gestão de Patches em OT

10 principais práticas na gestão de patches em ambiente OT

A abordagem recomendada para a gestão de patches em OT deve seguir um processo estruturado e baseado na avaliação de riscos. As principais etapas incluem:

Entender os requisitos das normas Normas e Regulamentações

Organizações que operam em ambientes OT devem seguir normas e regulamentos específicos que estabelecem diretrizes para cibersegurança e em alguns casos, a aplicação de patches. Algumas referências incluem:

  • ISA/IEC 62443-2-3: Recomenda a documentação e execução de um processo de gerenciamento de patches para OT.
    A norma ISA/IEC 62443-2-3 estabelece que a aplicação de patches deve ser baseada em gestão de riscos, e não simplesmente na existência de uma atualização disponível, indicando que o custo de aplicação do patch deve ser comparado com o risco associado à vulnerabilidade, e, caso o custo seja maior que o impacto do risco, a aplicação pode ser adiada, desde que existam medidas compensatórias para mitigar a ameaça.
  • NERC CIP 007-5: Exige que empresas do setor elétrico avaliem patches de segurança a cada 35 dias.
  • Diretiva de Segurança da TSA (Pipeline-2021-02D): Exige categorização de patches e priorização de vulnerabilidades exploradas conhecidas, conforme o catálogo da CISA.

Quais as recomendações existem para as empresas no Brasil?

No Brasil, a regulamentação de cibersegurança para indústrias ainda está evoluindo, mas setores estratégicos já possuem diretrizes específicas:

Setor Elétrico → Regulamentado pela ANEEL e ONS com requisitos de segurança cibernética obrigatórios.
Petróleo e Gás → Regulamentado pela ANP, exigindo medidas de proteção para redes OT e TI.
Mineração e Siderurgia → Ainda sem normas específicas, mas empresas adotam padrões internacionais como ISA/IEC 62443 e NIST 800-82.
Infraestruturas Críticas → Estratégia Nacional de Segurança Cibernética recomenda adoção de boas práticas.

Inventário e Mapeamento de Ativos

A falta de visibilidade sobre os ativos OT é um dos principais desafios na gestão de vulnerabilidades. É essencial ter um inventário detalhado que inclua:

  • Identificação de todos os dispositivos e sistemas OT (PLCs, HMIs, SCADAs, sensores, etc.).
  • Versões de firmware e software em uso.
  • Dependências e interoperabilidades entre equipamentos.
  • Classificação dos ativos com base na criticidade operacional.

Ação recomendada: Utilizar ferramentas de asset inventory específicas para OT, como soluções de OT IDS ou sistemas de gerenciamento de ativos industriais.

Priorização de Vulnerabilidades

A priorização dos patches deve levar em consideração os riscos associados a cada vulnerabilidade. Algumas metodologias utilizadas incluem:

  • CVSS (Common Vulnerability Scoring System): Fornece uma pontuação para a criticidade de cada vulnerabilidade.
  • SSVC (Stakeholder-Specific Vulnerability Categorization): Uma abordagem que considera fatores como estado da exploração, impacto técnico e automação do ataque para definir a prioridade do patch.
  • EPSS (Exploit Prediction Scoring System): Mede a probabilidade de uma vulnerabilidade ser explorada em curto prazo.

Além disso, a adaptação das pontuações CVE ao ambiente operacional específico pode evitar a aplicação desnecessária de patches e garantir que os esforços sejam direcionados para as vulnerabilidades mais críticas.

Ação recomendada: Automatizar a correlação de vulnerabilidades com os ativos OT e gerar relatórios de criticidade

E os riscos da Atualização de Firmware?

A atualização de firmware em dispositivos como PLCs, Inversores, RTUs e IHMs é um processo altamente crítico e de altíssimo risco. pois qualquer incompatibilidade pode impactar diretamente a produção, causar paradas inesperadas e até comprometer a segurança operacional.

A atualização de firmware pode ainda exigir a necessidade de recomissionamento completo da planta e isso ocorre porque, em muitos casos, um novo firmware pode modificar parâmetros de operação, afetar comunicações entre dispositivos ou exigir reconfiguração de sistemas automatizados, levando a um processo complexo de revalidação da produção.

Avaliação do Impacto e Mitigação Alternativa

Nem todas as vulnerabilidades com alta pontuação CVSS representam um risco real para o ambiente OT. Deve-se ajustar os fatores de risco considerando:

  • Score Temporal (maturidade do código de exploração, nível de remediação disponível, confiabilidade dos relatos).
  • Score Ambiental (medidas de mitigação já implementadas, impacto real da vulnerabilidade no ambiente operacional).
  • Criticidade do Equipamento: Equipamentos críticos para a produção têm uma abordagem diferente de sistemas menos impactantes.

Ação recomendada: Utilizar calculadoras online, como as do FIRST, para personalizar a avaliação das CVEs conforme o contexto operacional.

Priorização das Vulnerabilidades Críticas

A priorização deve considerar ativos essenciais, exploração ativa e falta de controles compensatórios. Algumas diretrizes incluem:

  • Dispositivos legados sem suporte devem ser priorizados para mitigação.
  • Crown Jewels (Joias da Coroa): Equipamentos críticos para o funcionamento da planta devem receber atenção especial.
  • Exploits disponíveis: Se há um kit de exploração pronto para uma vulnerabilidade específica, o risco de ataque é elevado.

Ação recomendada: Criar uma matriz de riscos para definir a ordem de tratamento das vulnerabilidades.

Utilizar a Metodologia SSVC

O Stakeholder-Specific Vulnerability Categorization (SSVC) é um modelo desenvolvido pela CISA que, basicamente, nada mais é que um diagrama com perguntas e respostas. Cada pergunta ajuda a guiar o caminho até uma decisão fina, fazendo perguntas, como:

  • Essa vulnerabilidade pode ser explorada por um atacante?
  • Essa vulnerabilidade afeta um sistema muito importante para a empresa?
  • Qual é a urgência em mitigar a vulnerabilidades?

Com base nas respostas, o modelo sugere uma ação: corrigir o problema imediatamente, monitorar a situação para ver se piora, ou não fazer nada por enquanto.

Mais detalhadamente, o SSVC  ajuda a categorizar vulnerabilidades com base em cinco critérios:

  1. Estado da Exploração (se a vulnerabilidade está sendo explorada ativamente ou não).
  2. Impacto Técnico (se o problema afeta completamente ou parcialmente o sistema).
  3. Automatização do Ataque (se a exploração pode ser feita automaticamente).
  4. Impacto no Bem-Estar Público (se há riscos diretos à segurança ou meio ambiente).
  5. Status da Mitigação (se há medidas já implementadas para conter a vulnerabilidade).

Com base nesses fatores, a vulnerabilidade é classificada como:

  • Track: Monitoramento sem necessidade de ação imediata.
  • Attend: Exige atenção e resposta em médio prazo.
  • Act: Requer mitigação urgente.

Ação recomendada: Aplicar a metodologia SSVC em conjunto com CVSS e EPSS para um melhor ranqueamento dos riscos.

Criar uma Equipe de Gerenciamento de Mudanças

A aplicação de patches não pode ser feita sem validação e autorização. Um comitê multidisciplinar deve ser responsável pela decisão, incluindo:

  • Especialistas em OT e TI.
  • Responsáveis pela segurança cibernética industrial.
  • Equipe de operações e engenharia.
  • Fornecedores de equipamentos.

Ação recomendada: Criar um fluxo formal de aprovação para mudanças que envolvam patches.

Testar e validar

Antes de aplicar um patch, é essencial testá-lo para evitar falhas no ambiente industrial. As práticas recomendadas incluem:

  • Ambientes de teste sandbox que simulem os dispositivos de produção.
  • Testes em janelas de manutenção previamente programadas.
  • Backup completo antes da aplicação do patch.
  • Estratégia de rollback se alguma coisa der errado.
  • Validação com o fabricante para garantir compatibilidade.

Ação recomendada: Implementar uma estrutura de testes automatizada para validar patches antes da implantação.

Implantação do Patch com controle

Após a validação, a implantação do patch deve seguir um plano bem definido, priorizando:

  1. Aplicação segura com rollback disponível.
  2. Monitoramento contínuo para detectar falhas inesperadas.
  3. Uso de compensações caso a aplicação do patch não seja possível aplica ações compensatórias, como  segmentação de rede, ACLs, firewalls específicos ou IPS (Intrusion Prevention System).

Ação recomendada: Implementar um cronograma regular de aplicação de patches para minimizar riscos.

Documentação e Gestão da Mudança

Após a aplicação do patch, é fundamental documentar todas as mudanças para manter a rastreabilidade e facilitar auditorias. Isso inclui:

  • Registro de todas as versões antes e depois do patch.
  • Relatórios de impacto operacional.
  • Histórico de decisões sobre patches aplicados ou recusados.
  • Ferramentas de backup e recuperação para garantir que as configurações anteriores possam ser restauradas.

Ação recomendada: Usar plataformas de gestão de mudanças específicas para OT, garantindo que todas as alterações sejam documentadas.

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